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Muitas vezes, ouvimos pessoas dizendo que o seu sonho é montar o próprio negócio.  Livrar-se de vez do chefe, do horário de entrada, almoço e saída e do contracheque minguado no final do mês.  Um grande sonho de se tornar empresário, sem compromissos de horário e com a conta gorda no final do mês.

Para essas pessoas, talvez a saída seja franquear uma marca, desde que mude seus conceitos sobre o que é ser empresário.

É importante esclarecer que o empresário assume muito mais responsabilidades do que um empregado.  Consequentemente, acaba trabalhando muito mais horas, deixa de ter um chefe e passa a ter a cobrança dos sócios, dos colaboradores e, principalmente, dos clientes.  Além de tudo, o risco do negócio passa a ser exclusivamente seu.

Ao se tornar empresário, lembre-se: se o negócio for um sucesso, a culpa exclusiva é do empresário; se o negócio for um fracasso, a culpa exclusiva é do empresário, portanto, o primeiro passo é verificar se você possui aptidão para administrar uma empresa.

Concluiu que tem aptidão para ser empresário?  Então, se você optar pelo franchising, é importante estudar qual o tipo de negócio que melhor se adequa ao seu perfil.

Esta preocupação inicial, que num primeiro momento parece corriqueira, certamente fará a diferença e, ainda, evitará desilusões no futuro.

Relevante também é a análise do capital disponível para o investimento nesse novo projeto.   O estudo financeiro deve ser feito sempre de maneira conservadora, pois isso evitará estudos de negócios que possuem valores de investimento acima das possibilidades.

É bom alertar para o mito de que quem compra uma franquia compra uma tranqüilidade, pois a marca fornecerá todos os subsídios para o sucesso do negócio.  Evidente, que os riscos são minimizados, entretanto, a manutenção e o crescimento do negócio dependerão muito do comprometimento e das qualidades técnicas do proponente à franquia.

Nunca é demais lembrar que em todo o negócio existe risco.  No sistema de franquia os riscos também existem, contudo, de uma forma reduzida.

Não pense que o franqueador assumirá as suas funções de empresário, fazendo tudo em seu lugar.  A função precípua do franqueador é licenciar o uso da marca por um período, repassar conhecimentos técnicos acerca do assunto e transmitir orientações da operação diária.  O resto é você quem faz.

Com a legislação em vigor, o proponente a uma franquia ganhou um instrumento que, se bem elaborado, é capaz de demonstrar a radiografia exata da marca que se propõe franquear.  A Circular de Oferta de Franquia presta esclarecimentos sobre diversos pontos, nos mais variados assuntos relacionados à marca.

Portanto, a solicitação de tal documento e a análise profunda deste, se necessário até com a ajuda de profissionais especializados no assunto, dará uma maior maturidade ao proponente para firmar o compromisso com o novo negócio.

É importantíssimo averiguar:

Os aspectos financeiros do negócio – valor da taxa de franquia, valor dos royalties, valor do fundo de propaganda, valor do investimento inicial, valor necessário para o capital de giro, entre outros.

Os aspectos operacionais do negócio – como é o processo de seleção de candidatos, qual o perfil ideal para entrar no negócio, como são e o que contém os manuais ofertados, como se dá a supervisão de campo, como se dá o treinamento inicial, etc.

Os aspectos mercadológicos do negócio – averiguar se existem fatores particulares capazes de refletir no negócio, sazonalidade do negócio, concorrentes, normas governamentais de controle do ramo de atividade.

Os aspectos comerciais do negócio – ponto, tempo do contrato de franquia, renovação automática, cobrança de taxas, cláusulas de rescisão e penalidades, melhor data do ano para abertura da loja, território da franquia (como será definido?) e venda virtual (o franqueado participa dela? de que forma?).

Paralelamente a essas análises, é importante verificar em que estágio do ciclo de vida do varejo a empresa franqueadora se encontra para poder certificar-se da sua escolha.

As empresas no varejo atravessam fases de vida, como, por exemplo:

Introdução – negócio ainda desconhecido, baixo fluxo de clientes, poucos concorrentes, altos investimentos, baixo retorno financeiro.

Crescimento – incremento nas vendas e expansão nos lucros, novos concorrentes atuando com o mesmo formato, aumento do fluxo de clientes, modelo torna-se um chamariz.

Maturidade – vendas estabilizadas, modelo bem aceito, fluxo de cliente estabilizado, muita concorrência, redução nos lucros.

Declínio – queda nos lucros, novos concorrentes com formatos de negócios mais avançados e atrativos, migração dos clientes para outro tipo de negócio.

Conclui-se, então, que a melhor fase para a empresa expandir é na fase do crescimento, quando o sucesso do modelo de negócio atrai um fluxo maior de cliente, gerando um grande incremento nas vendas.   O franqueador, porém, deve tomar cuidado nessa fase, pois o seu sucesso também atrai novos concorrentes que, por sua vez, vão se estruturando e se sofisticando, podendo roubar a sua fatia de mercado.

Depois de identificada a fase em que a empresa franqueadora se encontra, é necessário entrar em contato com os franqueados que estão em operação e com os ex-franqueados para conversar a respeito do negócio.  Atenção!  Não se deixe influenciar pela conversa de um franqueado.  Converse com mais de um e tire suas conclusões.

Adotadas todas essas medidas, com certeza o proponente à franquia estará bem mais respaldado para a tomada de decisão.

Lembre-se: comprar uma franquia não é como comprar uma camisa que, se eu não gostar, não uso mais e dou o fim que bem entender.  Na franquia, temos uma relação de trato sucessivo e, na maioria das vezes, é o negócio da vida de muitas pessoas.

André Luis Soares Pereira, sócio fundador do GSP.

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